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Ariano por ele mesmo

Filme ‘O Senhor do Castelo’, com Ariano Suassuna, abrirá o Festival Cine-PE.

Ariano Suassuna fala muito dele mesmo. E as pessoas adoram isso – a prova é as sucessivas aulas-espetáculo que ele costuma apresentar, que nada mais são do que o escritor contando histórias e dizendo suas opiniões sobre tudo. Filme ‘O Senhor do Castelo’, com Ariano Suassuna, abrirá o Festival Cine-PE.

Ariano Suassuna fala muito dele mesmo. E as pessoas adoram isso – a prova é as sucessivas aulas-espetáculo que ele costuma apresentar, que nada mais são do que o escritor contando histórias e dizendo suas opiniões sobre tudo.

Pois o cineasta paraibano Marcus Vilar passou 15 anos registrando Ariano falando dele mesmo e do que pensa do mundo para produzir o documentário O Senhor do Castelo (Brasil, 2007), longa-metragem que abre o festival Cine-PE nesta segunda, em Recife. Outros paraibanos no festival são Cabaceiras, de Ana Bárbara Ramos e o vídeo A Encomenda do Bicho Medonho, de André Pinto.

“A minha idéia foi fazer um grande painel de Ariano, com ele falando dele mesmo, sem ninguém elogiando ou criticando”, conta o diretor. Essa linha narrativa não foi planejada, segundo Vilar: no começo, ele, o produtor Durval Leal Filho e o também cineasta Torquato Joel (que depois se desligou do projeto) não tinham bem idéia do que seria feito. “Fizemos a primeira entrevista, em 1992, na casa de Ariano; depois, a segunda; depois o filme passou uns dois anos parado… Depois ele veio dar uma palestra no interior… Só três ou quatro anos depois de começado é que o documentário ganhou uma certa linha”, diz Marcus Vilar.

O tempo que o documentário levou para ficar pronto também é resultado da dificuldade financeira para concluir o projeto. “O filme começou sem dinheiro e terminou com pouquíssimo apoio”, conta ele. “Com quatro ou cinco anos de produção, começamos a inscrever em alguns festivais, mas o filme não entrou. Foi até melhor, porque não ficaria tão forte quanto hoje”. Agora, no ano em que Ariano completa 80 anos, a equipe resolveu que era hora de concluir o projeto.

O filme será exibido pela primeira vez para o público de João Pessoa no dia 12 de maio, no Cineport. Em O Senhor do Castelo, Ariano discorre sobre suas conhecidas posições a respeito dos estrangeirismos na língua portuguesa e do rock, do surgimento do movimento armorial, que ele criou como uma reação ao “processo de descaracterização e vulgarização da cultura brasileira”, nas palavras do escritor. O filme leva Ariano a Taperoá para falar da infância, mostra o talento de gravurista da esposa dele, Zélia, e tem como fio condutor a participação dele numa cavalgada que remete ao romance A Pedra do Reino.

O filme não traz grandes revelações sobre a figura de Ariano, para quem conhece o básico sobre o escritor. É mais uma boa apresentação de seu pensamento, que pode ser muito útil, como assinalou Durval Leal Filho, nas salas de aula. Contraditoriamente, como ninguém aparece para dar uma opinião fundamentada sobre a importância do escritor, isso não aparece em O Senhor do Castelo, nem há explicações a respeito – fica só subentendido pela própria razão do documentário existir.

Também faz falta a identificação do ano em que as imagens foi feita – mesmo que Ariano não tenha mudado o jeito de pensar, isso até seria reforçado ao saber que uma das imagens é de 1994 e outra de 2002, por exemplo.

Mas, para quem gosta do escritor, ouvi-lo é sempre um deleite e o filme cumpre essa missão: não faltam histórias engraçadas e seu carisma é bem retratado pelo – assumidamente – reverente documentário.

taperoa.com
JP

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