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Costumes e Atitudes.

Uma crítica aos hábitos e costumes da nossa contemporaneidade

É irritante para um cidadão que nasceu e cresceu numa rua, que estudou numa escola, que freqüentou muitas vezes um prédio público, e que ao retornar vinte anos depois, ficou sabendo que o prédio do colégio onde estudou mudou repentinamente de nome, a rua que nasceu tem o nome de alguém com o sobrenome do prefeito e o campo de futebol foi erguido em homenagem a uma pessoa que detestava esportes.

Aposto que muita gente desconhece que existem normas para escolha de nomes de ruas e praças públicas. O velho bom senso, em via de regra, sugere que o parque de vaquejada tenha o nome do melhor vaqueiro, o estádio de futebol do melhor jogador, o hospital do melhor médico, a escola do melhor professor e a Câmara de vereadores do político mais esperto. Porém, “maquiar”, o termo é jocoso, prédios com uma reforma de terceira categoria e depois tirar o nome antigo e botar o nome de um ET com base apenas nos laços de parentesco com o político A ou B, entendendo-se o termo ET para casos tão estranhos e curiosos como pôr o nome de um pescador ou caçador num órgão público de proteção e defesa da fauna nativa, ou o nome de um lenhador na sede da secretaria de conservação da flora natural, e outras coisas do gênero.

Pois bem, infelizmente, Taperoá vem copiando um pouco deste hábito esquisito dos políticos brasileiros. Vou citar alguns casos que pude perceber. Iniciei meus estudos no Grupo Escolar Pedro de Farias, ali mesmo em frente ao Creta e, quando quis visitá-lo, para minha surpresa e decepção, a escola tinha sido removida para outro espaço e no lugar uma nova escola com outro nome foi criada. Ao passar em frente à Rodoviária “Tota Vilar”, construída pelo saudoso Sebastião Simões, um dos homens que mais trabalhou por Taperoá, este sim, um ilustre esquecido mas íntegro e merecedor de muitas homenagens, não acreditei no que acabara de ler, ajeitei os óculos e tornei a ler e, daí, me convenci, o nome da rodoviária tinha sido trocado.

Alguém pode querer justificar dizendo que a rodoviária é uma propriedade particular, e acho que é, me desculpem as pessoas que pensam assim, mas não podemos concordar com a desculpa da propriedade privada para demolir ou desfigurar imóveis tombados pelo patrimônio cultural do município ou alterar as suas características originais sob este pretexto. Merece registro, a falta de cortesia e de gentileza dos responsáveis por estes atos lamentáveis, que magoaram os parentes das pessoas que tiveram seus nomes apagados da memória de nossa cidade. Sabemos que a sociedade de Taperoá nunca concordou com tais fatos, pois quem age e quem pensa assim não respeita os direitos alheios.

E ignorar o direito do outro é típico de pessoas arrogantes que pensam ser merecedoras de tudo e os outros de nada. Sugiro as estas pessoas que leiam a “comédia humana” do escritor francês Honoré de Balzac, nela poderão encontrar muitas semelhanças entre os costumes e atitudes contemporâneas deles próprios e os sentimentos provincianos dos cidadãos franceses do século XVIII, num passado longínquo, atrasado e triste da França.

 

taperoa.com
José Humberto Vilar da Silva

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