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Hino Nordestino

Asa Branca”, que completa 60 anos de sucesso, virou hino para o nordestino.

Gravada pela primeira vez em 3 de março de 1947, “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, um dos maiores sucessos da música popular brasileira, completa 60 anos.

A terra ainda arde da mesma maneira, mas as fogueiras de São João já não têm o mesmo significado. Isso não implica dizer que a canção “Asa Branca” de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira tenha deixado de ser cantada com a mesma força e significado poético-panfletário que a transformou em um dos maiores clássicos da Música Popular Brasileira.

“Asa Branca” foi gravada e lançada em 3 de março de 1947, portanto, há 60 anos. Luiz Gonzaga tinha 35 anos de idade e havia se firmado como cantor havia pouco. Antes era um solista que toca choro, samba, fox e polca entre outros gêneros, inclusive com predominância de música estrangeira. Somente em abril de 1945 o Gonzagão registraria sua primeira canção cantada: a mazurca “Dança Mariquinha”, parceria com Saulo Augusto Silveira.

Portanto “Asa Branca” veio um ano depois de Luiz Gonzaga ter se consagrado nos ritmos nordestinos com a antológica “Baião”, dele e de Humberto Teixeira. Nem precisa dizer que daí por diante o Gonzagão se constituiu no maior nome da música nordestina, uma lenda discutida e mitificada, um rei nunca destronado.

Certa vez entrevistando Geraldo Vandré a respeito de sua gravação de “Asa Branca” ele me disse: “Você não questiona os hinos. Deve cantá-los ou não, mas jamais contesta-los. Eu acho Asa Branca um hino e por isso cantei quase a capela, quase aboiando, mas era a forma mais emocional que eu procurava. Cheguei a chorar no estúdio enquanto gravava”.

A palavra de um mito como Vandré (autor de clássicos como “Disparada” e “Canção da Despedida”) vale muito, mas o que me marcou mesmo foi quando ouvi pela primeira vez o compositor-cantor paraibano cantando “Asa Branca” em seu disco “Canto Geral”. Para mim, é a mais bonita e a mais emocionante. Luiz Gonzaga chegou a gravar “Fica Mal com Deus”, de Vandré no disco “O Canto Novo de LG”.

Outros astros da Música Popular Brasileira não se contêm ao falar sobre Luiz Gonzaga e sobre “Asa Branca”. Vital Farias, um dos mais fanáticos admiradores do Rei do Baião não vê limites para se reverenciar o homem que conseguiu impor a música nordestina aos sulistas e romper a barreira do preconceito. “Luiz Gonzaga era um gênio, um artista sem par na música brasileira”, diz o autor de “Ai Que Saudade de Ocê” afirmando que “nenhuma outra voz na MPB foi tão bonita e tão importante”.

Geraldo Azevedo nutre também um imenso respeito por Luiz Gonzaga e sua obra. “Eu sempre ouvi muitos discos de Gonzagão, desde menino quando meus pais botavam na vitrola. Acho que ele é uma dessas figuras inquestionáveis, porque os mitos estabelecidos não ocorrem ao acaso”, diz o autor de “Dia Branco” adiantando, contudo, que apesar da importância, a sua preferida não é necessariamente ‘Asa Branca’. Azevedo diz que prefere “A Volta da Asa Branca” e “Assum Preto” e justifica: “Considero a poesia delas menos panfletária e as melodias bem mais criativas”.

Preferências à parte não há como negar que, mesmo com sua melodia monocórdica e sua letra panfletária “Asa Branca” é a canção nordestina mais gravada e conseqüentemente a mais conhecida. A música ganhou tanta projeção que chegou a ser gravada pelo cantor grego Demis Roussos (que começou como vocalista da banda de rock progressivo Aphrodilt’s Child, ao lado do tecladista Vangelis). Com o título de “White Wings” (tradução ao pé da letra) o registro de Roussos seguia a leitura de Geraldo Vandré, como um aboio, lamentosa e de frases alongadas.

SÍNTESE CULTURAL

Os 60 anos de “Asa Branca” bem que poderiam marcar o lugar de direito do baião, do xote, do maracatu e do forró como os ritmos mais brasileiros de fato, e os que melhor sintetizam a cultura do nosso povo. Sem esquecer que até o samba, exportado e decantado como oriundo do Rio de Janeiro, é comprovadamente nascido no Nordeste, entre Pernambuco e Paraíba, nos maracatus, nos samba-de-latada, segundo o historiador Bernardo Alves em seu livro e como revelou o cantor Oswaldinho da Cuíca.

taperoa.com
O Norte – Ricardo Anísio

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