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Rendeiras do Cariri são tema de livro.

A imagem das mãos calejadas de mulheres sertanejas quase sempre nos remete ao trabalho árduo do campo, à luta diária para vencer as dificuldades da seca, recorrente no semi-árido nordestino. Mas no livro ‘Renda Renascença – uma memória de ofício paraibana’, Sebrae (224 pág. – 2005) elas nos levam a descobrir outro tipo de trabalho, também extenuante, mas prazeroso para muitas mulheres do Cariri paraibano, que é o da arte de fazer renda.

Escrito pelo designer e pesquisador Christus Nóbrega, o livro será lançado nesta quarta-feira, dia 8, às 20 horas, no Casa do Artista Popular, em João Pessoa. A obra conta a saga das primeiras rendeiras que introduziram o ofício da renda Renascença no Cariri Paraibano e a contribuição delas para que a arte da renda se perpetuasse, sendo produzida atualmente por mais de 3 mil rendeiras em toda a região. O trabalho é resultado da parceria entre o Sebrae Paraíba e o Governo do Estado.

Segundo Christus, o livro é o resultado de uma pesquisa de dez anos sobre design em artesanato, onde ele pode conhecer as diversas tipologias encontradas no nordeste. “O artesanato tradicional é uma atividade que faz parte da cultura nordestina, e que tem um forte valor econômico para a região, empregando centenas de mulheres. O trabalho do designer visa fortalecer o que é sólido, como no caso da renda Renascença, e manter as tipologias que estão morrendo”, ressalta.

“Das humildes casas da zona rural do Cariri, onde mais de 2 mil pessoas trabalham com a renascença, para as passarelas de São Paulo, a renda renascença já percorreu um longo caminho que precisa ser consolidado. E só com o registro deste livro será possível ampliar esta história”, ressaltou Carlos Batinga, superintendente do Sebrae Paraíba.

O livro traz ainda uma pesquisa ampla e curiosa acerca do nascimento da renda no mundo, desde as primeiras tramas do período neolítico, passando pelas semelhanças com os arabescos árabes, sua expansão na Europa, especialmente na Itália e França do século XVI, até chegar ao Brasil no século XVIII, através das famílias portuguesas colonizadoras.

Em suas pesquisas e entrevistas, Christus descobriu que a introdução da Renascença na Paraíba se deu através da artesã Elza Medeiros, natural do município de São João do Tigre. Lala, como era chamada, conheceu a arte de fazer renda pela amizade com uma moça chamada Mara Pastora, que aprendera o ofício artesanal da renda com freiras francesas na cidade de Olinda (PE).

Lala e Maria Pastora criaram, na década de 30, uma pequena rede de comercialização das peças nas cidades de Poção e Pesqueira, em Pernambuco, cidades que até hoje são pólos de venda da renda renascença. Naquela época, a seca castigava as famílias caririzeiras, que não dispunham de solos férteis, nem clima apropriado para a agricultura. Restou às mãos de algumas mulheres dos distritos de Camalaú, São Sebastião do Umbuzeiro, São João do Tigre e Zabelê, além da cidade de Monteiro, na Paraíba, popularizarem a produção de rendas na região.

O livro traz ainda detalhes sobre o processo habilidoso e demorado de feitura da renda, suas ferramentas e principais estilos de peças. As fotografias do livro, de autoria dos fotógrafos Odinaldo Costa, Emmanuela Lins e do próprio Christus, são um capítulo à parte e trazem registros de paisagens do Cariri, artesãs e os principais pontos e peças de renda da região.

Tipos de renda Há duas categorias de rendas: uma produzida com o auxílio de bilros. Outra é confeccionada com o uso de agulhas, como é o caso da renda renascença, o filé e o labirinto. Em outros casos, há agulhas especiais, como para produzir crochê e tricô. Tanto a renascença como a renda de bilro é produzida em cima de almofadas.

Nome O nome Renascença está diretamente ligado ao período de sua invenção propriamente dita, o Renascimento, que marcou momento histórico europeu, entre os séculos XV e XVI, com ênfase nas produções artísticas, científicas e filosóficas. É também chamada renda irlandesa porque a Irlanda colaborou para sua perduração com a produção feita pelas freiras responsáveis pela educação de vários países colonizados, inclusive o Brasil.

 

Fonte: Sebrae/PB

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