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Distribuição espacial da água de beber

Um novo paradigma para o 3º milênio

Na década de 60 do século passado, do 2º milênio, que não faz muito tempo, pouco mais de 40 anos, as cidades do Nordeste do Brasil eram iluminadas por geradores próprios e aquele sistema era chamado de geração pontual de energia.

 

Com o crescimento das cidades, o sistema entrou em colapso e foi substituído pelo chamado sistema de distribuição espacial da energia, que passou a ser gerada em Paulo Afonso, pelas águas do Rio São Francisco. Hoje, a distribuição se dá praticamente em todo o território do Nordeste do Brasil, com a impensável meta de apagar o último candeeiro e a sua geração é feita em toda a cascata de hidroelétricas do Rio São Francisco e do Tocantins.

Agora, no 1º século do 3º milênio, vamos assistir essa mesma mudança ocorrida com a energia, com a água de beber. O modelo de acumulação pontual de água de beber, iniciado em 1860 pelo Padre Ibiapina, com a construção de açudes em cada Comunidade, deu sinais de colapso na última década do século passado, quando cidades como Recife, Fortaleza, Campina Grande, João Pessoa, Caruaru e centenas de pequenas cidades tiveram desde o racionamento de água de beber ao esgotamento total dos mananciais, ou seja, os açudes que as abasteciam.

O ciclo da açudagem, como disse, foi iniciado pelo Padre Ibiapina em 1860, teve a sua aceitação oficial no Império, quando Dom Pedro II mandou construir o Açude Cedro, no Ceará; foi institucionalizado em 1909, com a criação do IOCS (Inspetoria de Obras Contra a Seca), expandido no Governo de Epitácio Pessoa (1919/1922), quando ganhamos 205 açudes de grande porte e a partir daí a construção de açudes cresceu em escala exponencial, de tal modo que construímos açudes novos que mataram açudes velhos, ou seja, sem respeito à capacidade de provimento da bacia hidrográfica que alimentava o açude primogênito. Na Paraíba temos um exemplo bem significativo: o Açude Presidente Epitácio Pessoa, mais conhecido como Açude Boqueirão de Cabaceiras, construído na década de 50 do século passado, recebia as águas dos Rios Paraíba e Taperoá com exclusividade. Hoje são mais de 500 pequenos, médios e grandes açudes que foram construídos à montante dele, repartindo as águas que deveriam ir para ele e ao mesmo tempo aumentando a perda por evaporação, que se dá por área de acumulação, que já atinge o elevado índica de 3000 mm/ano, quando as chuvas em média chegam a 500 mm/ano nas bacias hidrográficas dos Rios Paraíba e Taperoá.

Para substituir o ciclo da açudagem novamente vamos nos valer em primeira mão do Rio São Francisco, captando água de beber em dois pontos no Estado de Pernambuco, sendo um em Cabrobó e outro na Barragem de Itaparica. À semelhança dos Linhões da CHESF, as águas do Rio São Francisco virão por dois Eixos, o Leste e o Norte, para abastecer as Caixas D’Água da Paraíba, que são, no Eixo Leste, o Açude Presidente Epitácio Pessoa e a Barragem de Acauã e no Eixo Norte o Complexo Coremas/Mãe D”Água, Engenheiro Ávidos, São Gonçalo e Lagoa do Arroz. Dessas Caixas D’águas sairão Adutoras, à semelhança das Linhas de Alta Tensão, alimentando as Estações de Tratamento D’Água das cidades de grande, médio e pequeno porte. Ao longo das Adutoras serão implantados Chafarizes que alimentarão povoados.

Com a implantação desse novo paradigma no 3º milênio, passaremos a ter o Programa ÁGUA PARA TODOS, que eliminaria o último carro-pipa, como o outro pretende eliminar o último candeeiro.

Nunca é demais lembrar que a ONU estabeleceu a década de 2005 a 2015 como sendo a da ÁGUA DOCE (Água que atende o consumo urbano e à agricultura) como um alerta às Nações para que equacionem suas situações com relação a esse produto face as previsões de que no ANO 2025, 4 bilhões de terráqueos não disporão de ÁGUA DOCE suficiente para atender as suas necessidades básicas.

É só uma questão de prioridade. Esse Programa é, sem sombra de dúvidas, mais politicamente correto do que o Programa de EXPORTAR O ÚLTIMO NORDESTINO DO NORDESTE DO BRASIL. Vivemos é de ÁGUA e não de CHUVA. A obrigação do Governo é Distribuir ÁGUA como fez com a ENERGIA.

 

taperoa.com
João Ferreira Filho – É Engenheiro Civil e Militar e Gestor Ambiental
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