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Em Taperoá

A realização de filmagens num município do Cariri paraibano transformou-se em fato histórico e exemplo na promoção do desenvolvimento socioeconômico da região. “Agora, a nossa história se divide em antes e depois das gravações dessa minissérie”, declara Deoclécio Moura Filho, prefeito do município de Taperoá.

A cidade foi escolhida pela Rede Globo de Televisão como cenário da minissérie de oito capítulos, baseada na obra de Ariano Suassuna, “A Pedra do Reino”, a ser veiculada no início de junho. Nessa ocasião, o consagrado escritor paraibano, nascido em Taperoá, completará 80 anos e será homenageado pela emissora de TV.

Os benefícios gerados pelas gravações da minissérie abrangem várias áreas e setores. Desde terça-feira, dia 6, por exemplo, teve início o telecurso do ensino fundamental, que vai alfabetizar 682 alunos em onze meses.

A alfabetização através do telecurso é resultado de um convênio entre prefeitura municipal e a Fundação Roberto Marinho, que tem duração de dois anos, prorrogáveis por igual período, a partir deste ano. Na segunda etapa, o prefeito adianta que será implantado o curso de segundo grau.

O próximo fruto das gravações da minissérie deverá ser a criação da Fundação Ariano Suassuna para administrar o museu em nome do escritor. “Queremos fazer a comemoração dos 80 anos de Ariano no dia 16 de junho, com o ‘avant premiére’ da minissérie num grande telão em praça pública, com a presença dos atores, para toda a população assistir”, confessa Deoclécio.

A comemoração do octogésimo aniversário de Ariano Suassuna vai contar com o apoio do Governo do Estado da Paraíba e do Ministério da Cultura.

Cidade premiada

(Sandrabelê é uma das artistas da região que participam da minissérie)

Taperoá saiu ganhando em todos os sentidos com a gravação da minissérie. A começar pela contratação de atores locais e nordestinos, exigida pelo ilustre filho da terra, Ariano Suassuna. Noventa e oito por cento do elenco foram integrados por artistas da região. Apenas seis atores globais figuram o time principal dessa minissérie, os outros cinco atores que vão estrelar a minissérie são artistas locais.

?Outra coisa fantástica foi que o diretor Luiz Fernando Carvalho quis filmar na nossa cidade e não no Projac?, observa Deoclécio, referindo-se ao complexo cenográfico da Rede Globo na capital fluminense. Foram três meses de frenesi na cidade, de 1º de outubro a 29 de dezembro do ano passado.

Fachadas de casas foram restauradas, postes altos foram substituídos por postes baixos e com fiação subterrânea. Até uma nova cadeia e nova igreja em alvenaria a cidade ganhou.

A casa onde o escritor nasceu e viveu até os quinze anos está sendo transformada em museu. Vai se chamar Casa Ariano Suassuna e deverá ser inaugurada em junho. Os cenários e figurinos da minissérie ficarão expostos.

Quinhentos figurantes foram contratados e receberam diárias de R$ 10 mais três refeições, durante as filmagens. A atriz Fernanda Montenegro ministrou curso de teatro para os candidatos a atores.

Vinte pedreiros e pintores taperoenses encontraram muito trabalho, nos três meses inesquecíveis. O salário mensal deles era de R$ 650, segundo o prefeito. Um marceneiro da região foi contratado pela Rede Globo e está trabalhando no Projac, na cidade do Rio de Janeiro.

Todo o figurino da minissérie foi feito por oito costureiras de Taperoá. Artesãos participaram de oficinas de materiais reciclados com cenógrafos, levados pela emissora para desenvolver adereços de cavalos e caricaturas. Criadores de caprinos e ovinos da região também faturaram. Quinhentos quilos de carne por semana foram consumidos pelos participantes das gravações.

Produtores de verduras, lojas de materiais de construção, papelaria, de tecidos, armarinho, restaurantes, lanchonetes, pousadas, hotéis, entre tantos outros, viveram um verdadeiro choque de desenvolvimento no período das filmagens. ?Literalmente todo mundo saiu ganhando?, resume o prefeito. Ao todo, cerca de 800 pessoas encontraram trabalho, renda e ocupação, durante os três meses de gravações da minissérie.

Pós-filmagem

(Cenário ficará fixo e servirá como atrativo turístico.)

“Estávamos preocupados com o final das gravações, pois elas acenderam na cabeça de muitos jovens o sonho de ser ator”, justifica o prefeito. “Era preciso pensar Taperoá culturalmente e turisticamente, a partir das gravações da minissérie”, diz.

A cidade cenográfica, feita em gesso e madeira, ia ser derrubada ao final das filmagens. O prefeito foi rápido e montou um projeto para aproveitamento dos cenários. “O Sebrae nos ajudou a montar as propostas e também a contatar a Fundação Roberto Marinho”, informa. Técnicos da Fundação visitaram a cidade para conhecer de perto o projeto da prefeitura.

Assim, a cidade cenográfica da minissérie “A Pedra do Reino” transformou-se em novo equipamento público de Taperoá. Ela será utilizada como espaço cultural para manifestações culturais, teatro, dança e folclore da região. O termo de cessão de uso da cidade cenográfica já foi assinado pela Fundação Roberto Marinho, que também vai transformar os cenários em alvenaria para suportar chuvas e variações climáticas.

taperoa.com
Vanessa Brito – Sebrae Nacional

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