Depois de quase dez anos, finalmente sai do papel a proposta da família e da Rede Globo de transformar a casa onde Ariano Suassuna passou parte de sua infância em Taperoá em um espaço de memórias do escritor e de sua rica literatura.
O prefeito Jurandi Gouveia e o filho de Ariano inauguraram agora há pouco o Museu da Casa de Ariano, no centro da cidade.
A ideia de fazer da antiga residência do escritor um museu surgiu em 2006, ano que mais uma obra sua estava sendo preparada para ir ao ar na TV Globo.
Por quase um ano, o consagrado diretor Luis Fernando Carvalho e uma grande equipe de profissionais da emissora carioca gravaram a microssérie A Pedra do Reino, adaptação homônima da obra de Ariano, tendo a mesma entrado na grade de programação em junho de 2007.
Embora tenha sido um trabalho requintado, não alcançou o sucesso estrondoso de O Auto da Compadecida, outra adaptação de livro de mesmo nome do escritor taperoaense para a TV feita por Guel Arraes em 1998.
Profissionais da Globo estiveram em 2009 em Taperoá e tentaram juntos com o governo municipal da época montar o museu.
Eles tinham uma certa pressa por que queriam preservar parte dos materiais cênicos que foi usada nas gravações d’A Pedra do Reino, mas até então não haviam conseguido.
Após a morte de Ariano no ano passado, nota-se que seu filho vem tentando em aproximar efetivamente mais o pai e sua obra dos taperoaenses do que o próprio enquanto em vida.
É verdade que Ariano colocou Taperoá no mundo.
Colocou “num sei, só sei que foi assim” na boca de todos os brasileiros através do trabalho bem feito de Arraes e sua turma tornando o Auto num produto de cultura pop, vertente que criticava bastante.
Mas também é verdade que sua relação com a cidade vinha mais das histórias que ouviu na infância e as transformou em livros incríveis.
Sua proximidade com o município que lhe deu talento para criar vidas dessa terra do imaginário era mais uma pintura abstrata dela do que de fato um quadro real.
taperoa.com/Jandro Gomes