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Vital Farias, um cidadão do mundo

“Eu sou um cidadão do mundo. Não fico só com o violão na mão e minha cantoria”, conta o multiartista Vital Farias, que recebeu a reportagem do JORNAL DA PARAÍBA em sua casa e estúdio, em João Pessoa.

Por isso que, no alto dos seus 70 anos completados nesta quarta-feira, esse paraibano de Taperoá – terra de nomes consagrados como Ariano Suassuna – perambula por várias vertentes das artes, incluindo a música, o teatro e o cinema, além de sua atuação política, onde se candidatou duas vezes para o Senado, obtendo 100 mil votos em 2006. “Eu me considero um senador eleito porque 100 mil votos é uma verdadeira preciosidade”.

Mesmo não ocupando uma cadeira em Brasília, Vital Farias mantém sua consciência política. “Vou dizer com muita tristeza que os mandatários do mundo inteiro fracassaram. O povo é ordeiro, quer viver em paz. Não é a população do mundo que está perdida. Quem está perdida são os dirigentes”, aponta o paraibano.
“É importante que se diga para saber que o músico não precisa fazer só música. Ele tem que pensar e também aprender a pensar! Fazer música só para dançar, se divertir ou se iludir, Vital Farias não está aí.”

TRAJETÓRIA

“Eu vivi uma ditadura de Vargas, nasci em 1943. Depois, em 1964, peguei uma ditadura militar. Desde esse tempo comecei a exercitar a minha cidadania. O mundo é do tamanho da tua cabeça. Se você só toca violão, só faz música comercialmente, você é daquele tamanho!”

Em Taperoá, Vital, caçula de 14 irmãos, foi alfabetizado através da literatura de cordel. Autodidata, aprendeu violão e participou de vários grupos musicais na capital paraibana, como Os Quatro Loucos, que tocava o repertório dos The Beatles.

Ministrava aula de violão e teoria musical no Conservatório de Música de João Pessoa até se mudar para o Rio de Janeiro nos anos 1970, onde se formou em Música.

“Minha faculdade foi de música erudita. Inclusive hoje está tudo mais aberto. Se você tocasse uma música popular, você era mal visto. Só poderia tocar a clássica”, conta Vital, relembrando que, mesmo nessa época, levou para se apresentar na faculdade dois cantadores de viola: Gavião e João de Lima. “Hoje em dia está tudo se absorvido, mas foi preciso brigar”.

Em 1978 ele gravou o seu primeiro disco, intitulado apenas Vital Farias. Sua primeira composição gravada foi ‘Ê mãe’, em parceria com o saudoso Livardo Alves e gravada por Ari Toledo.

Suas composições se destacam pela criatividade e pelo humor, mesclando o cancioneiro nordestino, sambas de breque, modinhas, xaxados, entre outros ritmos.
Na sua discografia se encontra Cantoria I, com Elomar, Geraldo Azevedo e Xangai. Em 1985, lançou Do Jeito Natural, coletânea com seus maiores sucessos como ‘Sete cantigas para voar’ e ‘Ai que saudade de ocê’. No mesmo ano, participou do álbum Cantoria II.

PROJETOS

Entre peças, filmes (como O Homem que Virou Suco, com Zé Dumont e dirigido por João Batista de Andrade) e discos, Vital afirma contente que nunca parou, tendo muitos projetos futuros.

“Não gosto de falar nada que ainda não aconteceu”, afirma o artista.

Entre os novos trabalhos, o músico está produzindo mais um disco de sua filha, Giovanna Farias, que será lançado ainda este semestre através do selo Kuarup (hoje Sony Music). Em 2002, o artista chegou a produzir o trabalho de estreia dela, lançar Vital Farias ao Vivo e aos Mortos-Vivos e receber o título de cidadania do Rio de Janeiro.

“Estou produzindo algumas coisas, mas pode ser que não aconteça: estou produzindo dois CDs da cantoria minha com Elomar, Geraldo Azevedo e Xangai”, revela. “São coisas que eu fiz e áudios que tenho, inclusive únicos no mundo. Eu que gravei em 2000 na turnê que nós fizemos. Pra se ter uma ideia, foi Brasília duas vezes, depois fomos pra Natal, Recife, Aracaju, Salvador, Ilhéus, Vitória, Uberaba e Rio de Janeiro”.

Na literatura, o multiartista planeja lançar por conta própria uma série de três livros chamados Indignação, cada um com 130 páginas. De acordo com Vital, a coleção fala de tudo, desde o compositor alemão Johann Sebastian Bach até o paraibano Zé Limeira, mitológico cordelista de Teixeira, que teve suas primeiras publicações editadas pelo próprio Farias.

“Nos livros, eu falo muitas coisas, tiro brincadeiras, falo assuntos sérios.

Tenho um ensaio sobre (Luiz) Gonzaga – que estudei bastante e é um dos maiores homens do Brasil”, afirma. “Era um moleque lá do mato, que se engrandeceu e virou um ‘Lampião’ da música popular brasileira, fazendo de todos os estados do Nordeste como se fossem um só”.

 

taperoa.com
Audaci Junior
Foto: Rizemberg Felipe

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