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Juventude aos 98 anos

Caririzeiro de 98 anos é homenageado pelo DETRAN – PB e recebe "Carteira de Ouro".

Seu Pedro nasceu em 1908 em um distrito da então comarca de São João do Cariri, onde fica hoje o município de Taperoá, na região do Cariri. Caririzeiro de 98 anos é homenageado pelo DETRAN – PB e recebe "Carteira de Ouro".

Seu Pedro nasceu em 1908 em um distrito da então comarca de São João do Cariri, onde fica hoje o município de Taperoá, na região do Cariri.

Sentado no terraço da casa em que mora no bairro da Torre, em João Pessoa, ele faz questão de mostrar as fotos em que aparece ao lado de políticos e atrizes famosas.

E aí, pergunta sempre: "Você reconhece quem é esse"?, diz ele, mais que orgulhoso de poder mostrar que posa com imponência ao lado de personalidades de destaque do meio artístico e político da cidade.

Seu Pedro se envaidece. Porém, mais que perceber o quanto de orgulho ele sente de si próprio, bom mesmo é parar para ouvir as histórias de vida desse paraibano que completou, no início do ano, 98 anos de idade, e que se tornou figura conhecida por ter recebido do Departamento Estadual de Trânsito a chamada ‘Carteira de Ouro’; uma homenagem por nunca ter se envolvido em acidentes – acreditem – apesar de ter 56 anos de carteira de motorista. Modesto, ele explica com um sorriso: "É a mesma carteira, eles só me deram essa homenagem".

De motorista exemplar, Seu Pedro Nunes de Oliveira também passou a ser conhecido nos salões de festas promovidos pelos clubes da Melhor Idade de João Pessoa pela sua alegria e vitalidade.

Ele adora dançar, é disputadíssimo no salão, e já ganhou títulos pelo seu desempenho nas pistas de dança. E por falar em festa, não poderia ser diferente: ele mesmo já está pensando nos preparativos para a festa de aniversário dos 100 anos de idade.

Sim. Porque se for pelo entusiasmo e lucidez de Seu Pedro, a festa já está garantida. Até lá, ele promete comemorar muito. Não só os 98 anos de idade, mas todas as boas descobertas que vieram com a idade. No currículo, só para citar, ele foi eleito o Rei da Melhor Idade do Mercosul – concorreu com candidatos de outros 12 continentes – há três anos e recebeu também o título de Cidadão Pessoense.

E homenagens não faltam. Seu Pedro faz questão de mostrar cada uma delas, bem distribuídas em uma das paredes da sala de estar. Na lista, as que ganhou também da Maçonaria, do qual faz parte desde o ano de 1960 e onde ainda hoje faz discursos freqüentes.

"Estou no último nível", comenta. Então já conhece todos os segredos da Maçonaria? Ele responde: "As pessoas falam em segredos. Mas não há segredo. O segredo da maçonaria é para o próprio maçom", responde.

Aliás, falando em segredo, ele faz questão de lembrar que as pessoas sempre o perguntam qual o segredo da longevidade, sadia e lúcida, dos seus 98 anos.

A resposta, ele diz que é simples, e mesmo revela: "Ando de pés descalços todas as manhãs durante meia hora no meu quintal", explica enquanto mostra os ‘pés’ de banana, laranja e outras fruteiras que tem lá fundo do quintal da casa antiga e acolhedora onde mora há mais de 60 anos. Pedro: "Fiz tudo de bom na vida".

Seu Pedro nasceu em 1908 em um distrito da então comarca de São João do Cariri, onde fica hoje o município de Taperoá, na região do Cariri. Em 1929, veio para João Pessoa para servir o Exército. Na foto, o jovem de olhos castanhos tem o mesmo semblante do seu Pedro de hoje. Se ele ainda é vaidoso? "Tem muita gente que pensa isso", responde com uma boa risada.

Além de Militar, ele conta que também trabalhou como agricultor, foi caminhoneiro e até fiscal de bonde, nos tempos em que esse era o sistema de transporte utilizado em João Pessoa. "Tudo de bom que apareceu na vida eu fiz", diz ele, contando que algumas dessas boas coisas da vida começou a aprender depois dos 80, 90 anos.

A entrada nos clubes da Melhor Idade, por exemplo, foi uma delas. As danças e viagens vieram a tiracolo. Basta alguém perguntar se ele gosta muito de dançar, e a resposta virá com todo o prazer do mundo: "Ah, eu danço muito".

O mais curioso comenta, é que nos 63 anos em que foi casado, nunca chegou a dançar com a própria esposa. "Ela não gostava de festas. Em todo o tempo que fomos casados, nunca fomos a um baile".

Depois de viúvo, Seu Pedro quis experimentar e descobrir coisas novas. "Tenho uma filha que diz: meu pai criou asas", conta ele, que se tornou um ‘pé de valsa’ disputadíssimo nos bailes da Melhor Idade. Foi assim que acabou sendo indicado para concorrer ao prêmio de Rei da Melhor Idade do Mercosul. Ganhou na pista de dança e também na passarela.

"Quando os outros me viram nem quiseram concorrer por causa da minha idade", completa. Quando perguntam se ele é muito disputado no salão pelas colegas do Clube, ele responde com a maior naturalidade: "Ah, sim, são muitas".

Seu Pedro chama atenção pelo bom humor, mas principalmente pela vitalidade. Pai de sete filhos, 20 netos e 23 bisnetos, ele já conta os dias para entrar no salão e dançar a valsa de 15 anos com uma das bisnetas. Energia de sobra ele tem.

Na verdade, Seu Pedro fala e vive como se não tivesse nem aí para os 98 anos de idade. Por outro lado, lembra que tem diabetes e, por isso, precisa manter alguns cuidados com a saúde.

Nada que o impedisse do desejo de continuar morando sozinho na mesma casa, depois que ficou viúvo, comenta. "Morei ainda um bom tempo sozinho, mas hoje tenho uma secretária que é muito boa", diz ele, falando que, apesar disso, a casa sempre tem um filho, filha, netos ou algum outro integrante da grande família. "Se tivesse avisado, todos já estariam aqui", fala.

 

Fonte: Vitrine do Cariri
Silvana Cibelle – JPB

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